terça-feira, 13 de março de 2007

Uma Esferográfica e Um Papel Sempre à Mão

A vontade de Maria de Fátima Albuquerque transpor para o papel os seus pensamentos, sentimentos e opiniões é tão intensa que todos os dias escreve uma ou outra estrofe que, tão amavelmente, partilha connosco.


Hoje,

Hoje é o dia em que tu e eu
Vamos para a luta…
Rumo a um porto, sei lá, talvez o Céu…
E aí encontraremos o prémio da nossa conduta!

Pelo caminho ou avenidas
Acenar-nos-ão as mãos de outras mulheres.
Que tecendo coroas de grinaldas floridas
As insígnias nos trazem dos seus saberes.
Atrás de nós deixamos o perfume que exalamos.
Porém à nossa frente vamos espargindo bálsamos subtis
Evocamos as musas, nas quais nos inspiramos
Com a força que vós homens não sentis.

Maria de Fátima Albuquerque
Oliveira do Douro – Cinfães
9 de Março de 2007

segunda-feira, 12 de março de 2007

8 de Março - Dia Internacional da Mulher

As Nações Unidas comemoram o Dia Internacional da Mulher desde 1975. A celebração deste dia tem como objectivo salientar e vincar o papel e a dignidade da mulher, que em muitas culturas ainda é vista como um ser inferior. Urge tomar-se consciência do valor da mulher e perceber-se o seu papel na sociedade. É imperativo contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostas à mulher. A sua delicadeza não pode ser tida como uma fraqueza, mas apenas como uma característica que a distingue dos homens e a enaltece junto daqueles que a amam e vêm como um ser igual.

A comemoração deste dia tem um contexto histórico que data do dia 8 de Março de 1857. 130 operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque revoltaram-se contra as mais de 16 horas diárias que tinham de trabalhar e o parco salário que obtinham por essa carga horária. Elas recebiam três vezes menos que os trabalhadores do sexo oposto. Deste modo, em forma de protesto, as grevistas ocuparam a fábrica, mas aqui elas foram fechadas e, entretanto, com a propagação desmedida de um incêndio, estas mulheres pereceram queimadas. A sua voz e as suas reivindicações, no entanto, fizeram história e foi em 1910, numa conferência internacional de mulheres na Dinamarca, que foi decidido que este seria o dia de homenagem àquelas e a todas as mulheres que sofrem caladas numa sociedade intolerante.

Foi com este espírito que Maria de Fátima Albuquerque, esposa do Formando Manuel Albuquerque do Curso EFA de Oliveira do Douro, se dirigiu a todos os homens numa carta que aqui transcrevemos...





Carta aos Homens

Sendo hoje o Dia Internacional da Mulher, convém que se lhe faça alusão. Ainda que de forma breve, vou entrar no seu Mundo, que também é o meu…!
Mulher, Tu, Eu, Nós somos uma grande família! Faço parte desse teu núcleo, partilho contigo aquilo que de comum existe entre nós. Às vezes, a nostalgia invade os nossos sentimentos, quando pela «sociedade» somos apelidadas de seres menores, com base no pretexto da nossa (aparente) fragilidade. Todavia, não o somos, porque nós, as «Grandes Mulheres», pela nossa forma de ser, de estar e de sentir, conseguimos contribuir para um maior equilíbrio do universo… ou não tivéssemos
nós ânsias de alcançar o infinito, de abarcar o mundo com os nossos braços e de galgar oceanos com o nosso olhar!
É a força que nos anima que nos torna capazes de transpor os pícaros das montanhas, que nos impulsiona a tocar nos raios do astro mais incandescente do firmamento celeste – o sol. É ele que irradia afectos, desejos, magia que nos tornam felizes e sonhadoras! E tudo isto acontece por causa de sermos mulheres, na verdadeira acepção da palavra. Acresce ainda dizer que, de quando em vez, nos são arremessados «piropos» de ternura, que nos asseguram que somos mais doces do que o mel, mais cristalinas do que a água, mais refulgentes do que as estrelas…
E porque somos as «Grandes Mulheres» em cujo coração é sublimado o amor, apraz-me evocá-lo, particularizando-o segundo a sua especificidade: em primeiro lugar o AMOR MATERNAL, esse amor que somente uma «Mãe» pode extravasar!
AMOR PATERNAL, aquele que apenas um pai pode transmitir!
AMOR FILIAL, o que é extensivo a todos, uma vez que também todos somos filhos!
AMOR FRATERNAL, aquele que congrega todos os irmãos à volta da mesma mesa!
AMOR CONJUGAL, esse que deverá unir os esposos quer na alegria, quer na dor!
Todas as formas de amar convergem na alegria de ser mulher!
Nós, as mulheres, temos o privilégio de conceber vidas em nossas entranhas! … Agradecei-nos vós homens pelo facto de sermos GRANDES MULHERES!
Despeço-me em nome de todas as mulheres que frequentam o curso EFA de Oliveira do Douro com um beijo para todas as outras mulheres do mundo inteiro!


Maria de Fátima Albuquerque



No seguimento desta carta, Maria de Fátima brinda-nos - a nós MULHERES - com mais um poema de sua autoria:



Mulher!

Mulher,
Tu és a chuva a cair
Que encharca os campos para o pão produzir
És também o curso de água
Que arrasta a mágoa
E a faz sucumbir!

Tu és o sol a brilhar,
Que ilumina a terra com o teu olhar!
Tu és o vento que passa a correr,
Transformando-se em brisa
Nem sequer precisa

De estragos fazer…!


Maria de Fátima Albuquerque
Oliveira do Douro- Cinfães

8 de Março de 2007

segunda-feira, 5 de março de 2007

O sonho de um dia ser...


Oh! Quisera um dia eu ser
Leitura para adormecer
Inquietudes e medos…!
Vem comigo abraçar
Essa força de vencer
Insiste que eu sem querer
Revele os meus segredos
Antes mesmo de eu acordar!

Deixo o pensamento beber
Da fonte do meu saber
Ouvindo uma ou outra voz
Urge que todos lutemos
Rumo a um sonho que temos
Opção de todos nós!





Maria de Fátima Albuquerque
Oliveira do Douro - Cinfães



28/02/2007

Recordando e retendo: "Voltar à escola"

No passado dia 22 de Fevereiro de 2007, Maria de Fátima Albuquerque, esposa de Manuel Albuquerque e acérrima acompanhante das suas aulas de formação, recitou o poema de sua autoria "Voltar à escola...", e extendeu os sentimentos nele demonstrados a todos os elementos da turma EFA de Oliveira do Douro - Cinfães, presenteando, desta forma, o Júri de Validação e, mais especificamente, orgulhando toda a equipa pedagógica e comovendo o próprio esposo. Este foi, sem dúvida, um ponto catártico que todos gostaremos de recordar...

Voltar à Escola


Que pena eu também não ter
Dossier para entregar.
Contudo posso dizer
Que é bom de novo estudar.

Vazias minhas mãos estão
Mas cheias de empenho e querer
Eis-me aqui pela razão
De aperfeiçoar meu saber.

Nunca é tarde p’ra aprender
Por isso é que eu aqui estou
Já que querer é poder
Atingir a meta eu vou!

Vazias minhas mãos estão
Mas cheias de algum saber…
Não pedi validação
(Não,) Por competências não ter…

Vazias minhas mãos estão
Mas cheias de tanta vontade
Testar eu quero então
A minha capacidade.

Validação não pedi
Porque foi curta a experiência
Certo é que já aprendi
Que todos têm competência.

Tanta gente com valor
Nesta sala reunida
Aprender com tanto ardor
Ensinamentos de vida.

Dispomos de tantos meios
P’ra muito mais aprender
Quantos sonhos e anseios
Acabam por não crescer.

Valores que estavam escondidos
E que o tempo deixou perder
Os saberes já esquecidos
Vou revê-los podem crer.

Quem diz talentos não ter
É humilde podem crer…
Pois quantos dons nos adornam!
Procuramos descobrir
Lutando por atingir
Os saberes que nos informam!

Maria de Fátima Albuquerque
Oliveira do Douro - Cinfães
22/02/2007